terça-feira, 26 de junho de 2012

Flores e Espinhos (Hebert Viana)


"Nessa época do ano
Quando o frio vem chegando
E há menos flores que espinhos
Os dias perdidos
Vem a luz
Ainda éramos filhos
Éramos amigos
Até sermos engolidos
Pela vida sem brilho
Por nossos inimigos
Na rotina comum
E sou só um
Mas não sou um deles
Eu sou só um
E mesmo que pareça tolo
E sem sentido
Eu ainda brigo por sonhos
Eu ainda brigo"
Flores e espinhos
Herbert Viana


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Natureza

Se a Natureza somos nós,
Quem poderá dizer das mágoas
Que plantamos nesse mundo?


Insensato ser que vive e morre moribundo
Insano, infeliz e incondicionado
Com seu próprio mundo


Este mesmo ser que compartilha sua dores com outrem
Provoca sua dores nas mazelas alheias
Favelando o mundo todo em plena mágoa


Este homem, aquele mesmo que caiu da escada
Vê debaixo sua história arrancada
Sua mágoa sofrida por aquela outra


Seja como for, que morramos todo
Por nós mesmos, 
Deixemos que vida siga neste mundo

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Fragilidade Humana

O homem é frágil
Tanto que precisa se sentir morrendo
Pra pensar em viver
Verdadeiramente a vida

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Perfeição


Um dos maiores dentre os poetas, letristas e artistas que esse país já viu!
Salve Renato Russo moçada! Que ele também seja eternizado aqui no nosso Boteco!
"Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!"

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O homem e a mentira

Num mundo em que se come o dedo de quem indica a cura,
Mesmo aquele que jura
Poderá afirmar empírico, mesmo que intrínseco seja,
Que exista homem culpado, omisso ou protestante revolucionário!
Vejo aqui só, e somente só, a mentira.
E da mentira, só nos sobram os mentirosos.



Duvido

Duvido
De tudo que não tenha
Ouvido
Ou
Vivido


Os passos

Ao ouvir os sons dos últimos passos, tortos,
Indago: estou louco?
Ou me perdi na última curva?

terça-feira, 5 de junho de 2012

Cecília Chico Buarque

Já que falta inspiração pra poesia, vamos a música boa.

Boa noite a todos.