sexta-feira, 31 de julho de 2009

Chico Cesar, o outro grande Chico do Brasil

Hoje passei pelos discos que conheço do Chico Cesar. E sempre que ouço esse paraibano irreverente e polêmico, eu sinto um prazer tão grande. Porque pra mim, essa é a sínteze do que se faz em música brasileira, legitimamente brasileira, nos tempos de hoje. A intertextualidade musical fluente e escancarada, a originalidade na interpretação e também nas composições, a personalidade forte; enfim, isso pra mim é o que se pode considerar a síntese, como eu já disse, do que se faz de música no Brasil hoje. Depois de um post sobre Zeca Baleiro, eu não poderia deixar de postar também sobre esse outro grande nome da música "nordestina" de vanguarda.

Chico César é um prato cheio em voz e violão, toca bem e com autenticidade e tem uma voz linda e penetrante. Além de compôr muito bem, é parceiro dos grandes nomes da atualidade como: Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Moska, Lenine, dentre muitos outros. Essa virtuosidade como letrista podemos conferir em músicas como "Templo", do disco "Respeitem meus cabelos brancos", em "Pra Cinema", do álbum "De uns tempos pra cá", e por aí vai. "De uns tempos pra cá, por sinal, é um dos grandes discos da carreira de Chico Cesar. Um disco lindo, lírico, com arranjos em trios de cordas com violões, pianos, flautas doces acompanhando a sonoridade. Além de letras lindas. Vale a pena ouvir!

O paraibano do cabelo e da barba inusitada é sem dúvida um dos grandes nomes da tradução das expressões atuais da música afro-brasileira. Essa é outra vertente artística que Chico, principalmente nos seus primeiros álbuns, sempre deixou muito evidente em suas produções. Eu particularmente tenho gostado mais do Chico César de hoje, menos apelativo pela irreverência exacerbada que ele tinha de início. Que eu até entendo por sua história artística. Enfim, os disco "De uns tempos pra cá" e "Respeitem meus cabelos brancos" são boas pedidas pras pessoas de bom gosto musical e que apreciam a boa música brasuca.

Outro lado que eu não posso deixar de comentar do Chico, são suas reflexões sobre a realidade da vida do povo sertanejo nordestino. Que o faz com uma sensibilidade inigualável. Me chama muita atenção essa tendência que ele tem, pelo lado melancólico da realidade nordestina. Que já no Zeca Baleiro é menos presente, ele olha mais o lado irreverente e belo da cultura do nordeste. Já Chico César possui esse olhar duro, que toca qualquer um, sobre a realidade da vida nordestina. Outro compositor da atualidade que faz isso com a mesma beleza, talvez seria o Lenine. Para quem quiser entender melhor isso que estou falando, ouçam a música "Moer a cana", segunda faixa do disco "De uns tempos pra cá".

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Zeca Baleiro, e "O Coração do Homem-Bomba"

Ontem, antes de pegar no sono, eu estava ouvindo na Radio UOL o novo álbum desse compositor de São Luíz do Maranhão, que vem em um ritmo tão frenético de lançamentos de discos e álbuns dos mais variados tipos: Zeca Baleiro. Eu já tinha ouvido o primeiro volume deste curioso disco, entitulado por "O Coração do Homem Bomba", mas me encantei com a criatividade do segundo volume desse projeto. O estilo popular nordestino, misturado às suas influências vindas do Sambra e da M.P.B. em geral, é saboroso. O Zeca é um grande compositor, um nome forte na poética nordestina de qualidade atual - talvez seja junto com poucos na atualidade, um dos grandes nomes dela. Tem uma mistura de profundidade intelectual com humor nordestino, que é típico dessa cultura tão rica.

No disco Baleiro ensaia novas tendências, mas o que mais faz, é reescrever o bom e velho estilo seu aos seus primeiros trabalhos - "Vô Imbola" e "Por onde andarás Stephen Fry". Que por sinal pra mim, é o que há de melhor no Zeca. Minhas músicas preferidas, para quem quiser começar por alguma coisa no álbum, são: "Pastiche" - que é uma música super bem humorada e super criativa na poética, e "Samba De Um Janota Só" - que também tem muito do humor, e é o que eu quis dizer ser o melhor do Zeca de início de carreira, essas misturas de estilos que acabam por final evidenciando sua 'nordestinidade', pra mim é algo que faz do Zeca um cara diferente. Claro que não é o único, mas dos outros que acompanham o que poderíamos chamar de Novos Bahianos de hoje, eu vou falar em outras e oportunas postagem.

Segue aqui a sugestão de hoje, ouçam "O Coração do Homem Bomba 1" e "O Coração do Homem Bomba 2", também ouçam a faixa bônus dele com Chico César que é genial - ao final do volume 2. Para quem quiser saber mais também sobre o Zeca Baleiro e seus tantos trabalhos que vem desenvolvendo atualmente, entrem no seu site: www.zecabaleiro.com.br.

Observação sobre a Radio UOL: para quem quiser ouvir os links que eu estou incluindo aqui nos posts do blog, vocês devem usar o Internet Explorer, tanto a versão 6 quanto a 7, mas tem que ser explorer - o plugin da Radio UOL não funciona bem no Mozilla. Nunca testei o Cromo do Google nela, mas fica aqui de qualquer modo a sugestão.

Comentem e recomendem os posts: "a patrôa agradece!".

Salve moçada!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Chico Buarque - Carioca

E já que falamos de Chico, e do disco "Carioca", que foi lançado em 2006 pela compositor maior do Brasil, que tem temas variados em suas canções e um ar bastante maduro e sereno nos arranjos. Resumidamente é um disco suave de ouvir, daqueles do tipo que seriam categorizados como bom discos para crianças. Chico escreve já de cara sobre as mazelas do Rio, e olha que o disco é suave, fala sobre os desequilíbrios de uma cidade em caos social. A faixa "Subúrbios", como o próprio nome sugere, abre o set list do disco com um ar de pena e ao mesmo de apelo ao belo que há dentro dos subúrbios, mesmo que esse belo seja muitas vezes utópico.

"Outros sonhos", pra cumprir a trilogia do tema dentro da discografia do grande autor, vem declarar os delírios e desilusões de um poeta maduro que tudo já viveu. Canção que parece não ser romântica no início, mas não sede ao ímpeto de seu criador quase sempre bohemio.

Minha canção preferida no disco é "Ode aos ratos", que talvez seja a canção mais pesada em termos de provocação e crítica social do disco. A forma como Chico compara o ser humano aos ratos, que são por eles mesmos vistos como "peste", é genial. Como se não bastasse a música ainda tem contato com um impressionante e lúcido trava-línguas dentro de sua estrutura poética. É lindo! Ouçam!

Chico Buarque sempre foi impressionante nas suas opções pelos arranjos minuciosos e de muito bom gosto. E talvez um dos compositores e letristas que melhor conseguiu traduzir toda a cultura bohemia, social e cultural brasileira - se é que esses temas casam bem quando postos juntos em uma mesma análise. Mas é isso mesmo que eu acho que o Chico faz, mistura seu lado Bohemio e "carioca" - na essêcia da palavra - com seu teor político e crítico. A música "Dura na queda" é um samba canção que é a coisa mais linda! Com arranjos sutis e lindos, parece que estamos nos anos 60 ouvindo essa música. E é isso que mais genial ainda no jeitão 'malandro', ao qual a Bossa não cede.

Meus caros amigos, se permitem vou tentar lhes remeterer bons momentos com esta indicação de disco. Que não poderia deixar de ser um disco de Chico Buarque. Confiram mais informações sobre o Grande nome da nossa música no seu site www.chicobuarque.com.br, que inclusive está lançando livro novo nesses tempos - o romance "Leite Derramado", que se não me engano é o terceiro ou quarto da carreira de literato.

Saudações iniciais

Salve amigos e amantes da música brasileira, e também é claro da boa música que ainda se faz por aí à fora nos dias de hoje. Eu não poderia deixar de escrever sobre música, e sobre os temas que levam-me a saborear tais pratos da extensa e saborosa culinária da música brasileira!

O Boteco da Bossa, como o próprio nome sugere, vai claro falar de muitos temas e autores da Bossa Nova, mas vai - ou pelo menos pretende - surfar também em ondas oportunas. Gostaria de agradecer aos amigos visitantes, aqueles que já estão começando a me acompanhar nessa aventura. Ao som de Chico Buarque, no suave disco Carioca, começo a me atrever a testar aqui algumas idéias sobre a música, e boa música, que se faz hoje no Brasil, e compartilhá-las com vocês.

Lembranças aos compatriotas de gosto: Rubens Loureiro, João Eduardo Gomes, dentre outros, que são pessoas com as quais eu costumo sempre comentar essas idéias que vocês aqui se atreverão a tentar entender.