Hoje passei pelos discos que conheço do Chico Cesar. E sempre que ouço esse paraibano irreverente e polêmico, eu sinto um prazer tão grande. Porque pra mim, essa é a sínteze do que se faz em música brasileira, legitimamente brasileira, nos tempos de hoje. A intertextualidade musical fluente e escancarada, a originalidade na interpretação e também nas composições, a personalidade forte; enfim, isso pra mim é o que se pode considerar a síntese, como eu já disse, do que se faz de música no Brasil hoje. Depois de um post sobre Zeca Baleiro, eu não poderia deixar de postar também sobre esse outro grande nome da música "nordestina" de vanguarda.
Chico César é um prato cheio em voz e violão, toca bem e com autenticidade e tem uma voz linda e penetrante. Além de compôr muito bem, é parceiro dos grandes nomes da atualidade como: Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Moska, Lenine, dentre muitos outros. Essa virtuosidade como letrista podemos conferir em músicas como "Templo", do disco "Respeitem meus cabelos brancos", em "Pra Cinema", do álbum "De uns tempos pra cá", e por aí vai. "De uns tempos pra cá, por sinal, é um dos grandes discos da carreira de Chico Cesar. Um disco lindo, lírico, com arranjos em trios de cordas com violões, pianos, flautas doces acompanhando a sonoridade. Além de letras lindas. Vale a pena ouvir!
O paraibano do cabelo e da barba inusitada é sem dúvida um dos grandes nomes da tradução das expressões atuais da música afro-brasileira. Essa é outra vertente artística que Chico, principalmente nos seus primeiros álbuns, sempre deixou muito evidente em suas produções. Eu particularmente tenho gostado mais do Chico César de hoje, menos apelativo pela irreverência exacerbada que ele tinha de início. Que eu até entendo por sua história artística. Enfim, os disco "De uns tempos pra cá" e "Respeitem meus cabelos brancos" são boas pedidas pras pessoas de bom gosto musical e que apreciam a boa música brasuca.
Outro lado que eu não posso deixar de comentar do Chico, são suas reflexões sobre a realidade da vida do povo sertanejo nordestino. Que o faz com uma sensibilidade inigualável. Me chama muita atenção essa tendência que ele tem, pelo lado melancólico da realidade nordestina. Que já no Zeca Baleiro é menos presente, ele olha mais o lado irreverente e belo da cultura do nordeste. Já Chico César possui esse olhar duro, que toca qualquer um, sobre a realidade da vida nordestina. Outro compositor da atualidade que faz isso com a mesma beleza, talvez seria o Lenine. Para quem quiser entender melhor isso que estou falando, ouçam a música "Moer a cana", segunda faixa do disco "De uns tempos pra cá".
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