Medieval
Cazuza
Composição: Cazuza / Rogério Meanda
Você me pede
Pra ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero
Às vezes eu amo
E construo castelos
Às vezes eu amo tanto, que tiro férias
E embarco num tour pro inferno
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média
Olha pra mim, me dê a mão
Depois um beijo
Em homenagem a toda
Distância e desejo
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras
Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre,
Vai me desmentindo
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média
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Cazuza, o que dizer de Cazuza. Para aqueles que me ouvem falar de chico, muitas vezes até estranhando meu paladar para outros compositores e outros poetas, que não são do samba nem da música tradicionalíssima brazuca. Hoje vou falar desse mestre da realidade nua e crua das ruas e da juventude dos anos 80 e 90 no Brasil. Um menino, que morreu menino/homem sem saber ser nem um nem outro.
Essa música, é tão despercebida por muitos. Vista como tão singela pra tantos outros, tão arcaica. E é justamente nessas coisas que passavam POR AI, que Cazuza se mostrava o gênio que era. Citando Dom Quixote, Fernando Pessoa, dentre outros, numa música tão vã como esta. Um rock 'descerebrado' como este. Escraxado, como ele mesmo se propunha ao mundo. Cada poesia de Cazuza era uma autópsia dele mesmo, pra si mesmo e pro mundo. Eu sinceramente, mesmo com Chico Buarque ainda vivo, não vi nada parecido na poesia brazuca. Nunca senti ninguém tão nu e cru defronte ao mundo, talvez Jesus. Não que eu esteja aqui 'endeusando' um pecador como ele - mais do ninguém talvez, rsrsr. Porém de fato, Cazuza nos fez sentir que mesmo depois de tudo que se passou de 60 para 90 neste país em que vivemos, ainda reinava a era dos Exmos. Ratos de Brasília. Dos magnatas da mídia - grupo cujo seu próprio pai ajuda a compor-se. Juntos com alguns poucos legítimos de seu tempo, talvez como Renato Russo, Lobão, Cássia Eller, Humberto Gessinger, Herbert Vianna, Arnaldo Antunes, Chico Science, dentre alguns outros, que viam de fato o que somos e fazemos, vivemos. Cazuza era o poeta da lata de lixo.
Realista como ninguém, 'na moda da nova idade média' este homem expressou-se como ninguém em protesto à "mídia da novidade média'.
Sejam bem vindos ao post mais viceral deste meu blog, e não poderia ser com outro compositor que eu selaria esta mensagem. Viva Cazuza!!!
"Um menino, que morreu menino/homem sem saber ser nem um nem outro."
ResponderExcluirVisceral como tu és, mermão! E que nosso lado português continue sempre latejando em nós, quando a saudade - o único e mais rico bem que herdamos de nossos patrícios e só nós temos - nos levar a um tour pelo inferno! =^)
Genial rubens, genial! :)
ResponderExcluirEle cuspia na cara da alta sociedade, do governo e da mídia e trocava juras de amor, frases de paixão e promessas de um lunático.
ResponderExcluir...esse vivia tudo intensamente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"Eu acredito em paixão e moinhos lindos
ResponderExcluirMas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre,
Vai me desmentindo"
aiai