terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Manifesto do nada

Calas, porque de tua boca não mais deve se ouvir nada
Mais ainda sobre aquilo que pensas, porque já não nos interessa
Calas porque tu não sabes de nada mais que não seja o óbvio
Suas utopias bizarras aqui não devem mais entrar

Sejas tu também um caminheiro das palavras tortas como eu
Aquelas que não são ditas nem escritas, mas sim caladas
E no engolir dessas palavras sinta o peso de cada uma
Para que assim possas compreender a essência de seus significados

Só assim então saberás o quão dura é a queda
E o quão rica é a decepção na pobreza do som silencioso do nada
Que somente os mais afortunados são capazes de experimentar
Quando estes atingem a essencial condição de ser ninguém

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Diogão, lendo esse poema ontem no almoço eu confesso que fiquei é surpreso!!!

    Encontrar um ponto de vista, um sentimento tão bem colocado sobre o silêncio (sobre o valor dele, principalmente) em tempos de plena aglomeração de pessoas em redes sociais, onde a gente é (voluntariamente) 'metralhado' com as opiniões de todos sobre tudo e qualquer coisa, é sem brincadeira a mesma sensação de encontrar um parque tranquilo no meio da cidade grande.

    Claro que as diversas opiniões interessam e que a troca delas dá a possibilidade de a humanidade evoluir ou ao menos refletir mais sobre seus atos. Mas o silêncio para a devida compreensão das coisas é dádiva dos mais afortunados, se não, a essência da verdadeira sabedoria.

    Ficam aqui umas palavras sobre esse belo poema! Grande abraço, meu velho!!!

    PS: Não pude aparecer em Maringá mas espero sim a visita de vocês aqui em Sampa!!!! :D

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  3. Definitivamente, se as palavras tivessem peso físico mesmo, não sobraria voz para muitos emissores, e os receptores poderiam, opr muitas vezes, não serem os que quase sempre se machucam por importarem-se.
    Como diria Vedder: "Some words when spoken can't be taken back".

    Mas me lembrei de outra poesia, do Fernando Pessoa, e está aqui: http://www.pessoa.art.br/?p=464. Vale a intertextualização =^)

    Grande abraço, irmão das letras!

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