"Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez."
"Quando eu morrer quero ficar
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus."
Ambos poemas de Mário de Andrade! Grande nome da nova poesia no Brasil. Foi responsável pela criação das primeiras experiências, realmente novas, com a linguagem poética moderna no Brasil. Claro que, fez o que fez em busca do 'estilo novo', junto de muitos outros grandes nomes da cultura, poesia e arte brasileira. Porém, sem sombra de dúvidas, trata-se de um grande mestre.
muito bonito!
ResponderExcluirNão é dos meus autores favoritos, por questões estilísticas e, até, históricas. Mas o amor desvairado pela Paulicéia é, mesmo, digno de respeito e reconhecimento!
ResponderExcluirAbração!