segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
O Telefonema
Diogo Gomes
27-12-2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Sina de Cidade Grande
Foi-se ele e a espera por água abaixo com a enchente da chuva.
Diogo Gomes
21-12-2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
O amanhã vai ser só o amanhã
Bilhando com as mesma intensidade e a mesma beleza,
Seduzindo a nós e a todos como se os problemas não existissem.
Será que vamos amanhecer com o mesmo bom humor irônico e lúdico.
Afinal hoje vivemos nos dias de risos e abraços,
Vitórias e conquistas, e isso me assusta amor!
Será que vamos estar juntos comendo dessa mesma pasta,
E bebendo desse mesmo vinho?
Que o dia de amanhã seja algo bom como o de hoje.
Enfim, podemos comer amor, tranquilos.
Porque Deus deve saber fazer o que faz!
Diogo Gomes 17-12-2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A Casa do Oscar
Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e sai batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguazes, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquale casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.
Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando a minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é a casa do Oscar.
Chico Buarque
Poemas, testemunhos, cartas - 2000
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Aos seus 103 anos, esse grande gênio da arquitetura ainda vivo e lúcido como poucos deixa em cada sua oportunidade sua mensagem comunista e realista do verdadeiro significado da vida.
Salve um dos maiores nomes da história contemporânea. Salve Oscar Niemeyer!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Manifesto do nada
Mais ainda sobre aquilo que pensas, porque já não nos interessa
Calas porque tu não sabes de nada mais que não seja o óbvio
Suas utopias bizarras aqui não devem mais entrar
Sejas tu também um caminheiro das palavras tortas como eu
Aquelas que não são ditas nem escritas, mas sim caladas
E no engolir dessas palavras sinta o peso de cada uma
Para que assim possas compreender a essência de seus significados
Só assim então saberás o quão dura é a queda
E o quão rica é a decepção na pobreza do som silencioso do nada
Que somente os mais afortunados são capazes de experimentar
Quando estes atingem a essencial condição de ser ninguém
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Nos lembremos que...
Sinto o sabor de um momento que passou há tempos,
E que ainda transborda minha alma de lembranças
O amor que ficou encravado naquele instante é eterno.
Por isso não basta que simplesmente nos lembremos,
mas é mais saboroso ainda sentir várias vezes cada emoção.
Diogo Gomes 13-12-2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Céu azul
Os seus olhos pela luz me vêem
O silêncio dessa terra vasta
Se remoendo ao romper de um trem
É a miragem mais insana e tensa
Que me remete ao mais profundo medo
De perder só um fio dessa fina renda
No desembaraçar do nosso segredo
Diogo Gomes 10-12-2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Dia do Samba
Esse é um dos meus sambistas preferidos.
sábado, 20 de novembro de 2010
Vago homem vago
Energia de um leão nas veias.
Doçura no olhar e língua estupidamente afiada, mais que afinada.
Saudade de casa, da mãe, isso ele esconde.
Vontade de dizer ao mundo o que lê nos livros dos homens que admira.
Vontade de ser um deles.
Nessa alquimia semi-masculina de sentidos vaga este mambembe desorientado.
Fumando um cigarro após o outro para esquecer a dor, e queimando a si mesmo junto dele.
Diogo Gomes
20/11/2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Ser, querer e poder
Diogo Gomes 19/11/2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Vida Nordestina

"O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias."
Trecho do poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto
100ª postagem, em rítmo de samba
Dedico a unica baiana que tenho um pouquinho de contato pela internet: @beacioli
terça-feira, 9 de novembro de 2010
O trágico dilema
Mário Quintana
domingo, 7 de novembro de 2010
Mágica para a vida
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Fotopoema 5
"Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais"

"Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim"

"Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)"

"Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair"
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Fotos de Ana Covo e fraguimentos da letra da canção "Mil Perdões" do mestre Chico Buarque.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Botecos e botecos
Acho que é a idade, ou que é o cansaço.
Os piores amigos diriam que é o dinheiro escasso.
Não sei bem qual a medida.
O fato é que cansei,
Não vejo mais graça na batida do copo na mesa.
Não pretendo mais tantas cantadas, nem tenho mais tanta destreza.
Confesso que preciso admitir que me desgastei.
A medida é sempre errada.
O peso das coisas na vida nunca é o certo.
Mas hoje posso lhes dizer de coração aberto:
Eu parei com a noitada!
Irônico não?
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Diogo Gomes
03-11-2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Luz e calor
Vejo muito pouco do que sinto no mundo em que vivo
E sinto muito pouco no que vejo por não sentir aqui tudo que se vê por aí
Nunca por egoísmo narcisista nem por prepotência desmedida
Afinal são só impressões e expressões da vida vivida
Por mim e pelo meu corpo que agoniza ao pique dessa mente ríspida
Diogo Gomes
29-10-2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
O dia-a-dia
Que retira daquilo que vê
De cada vez um sentido novo
Sem medo do que virá amanhã
Diogo Gomes 28-10-2010
domingo, 24 de outubro de 2010
Até o fim
Chico Buarque
Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
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Assim todo torno com poucas postagens semanais o boteco vai até o fim. Porque não sabemos como o maracatu começou, mas vamos até o fim!
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Che denovo no cinema

"Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura."
Estive lendo sobre o filme no qual Benício Del Toro interpretou o grande revolucionário argentino Ernesto Guevara. Fico realmente muito curioso para assistir esse grande artista do cinema interpretando um ícone tão poderoso da cultura latina moderna. Sinceramente, esse filme tem tudo pra ser uma prato cheio para os bons observadores do bom cinema!
Prometo que quando assistí-lo compartilharei aqui das minhas impressões. :)
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Mais um Nobel para 'nosotros'
Salve a literatura latina!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Poetas Velhos
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.
Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.
Paulo Leminski
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Se uma homem das palavras como ele também sentia isso, eu ainda tenho salvação! :)
Marasmo
Que me perco nesse marasmo imenso cheio do nada.
Com exceção às pedras que rolam movidas pela força do ar,
Que é tão seco quanto ausente de vida.
Assim sinto e penetro nesse mundo louco,
Sem saber porque nem como, inspirado por alguma coisa.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
O dilema existencialista de um pobre proletário
Contentar-se com o que é capaz,
Ou frustrar-se a cada dia
Em busca de uma realidade que nunca existiu.
Talvez o fato seja que nós não saibamos o que somos de fato.
Nem nos convidamos a andar por essas trilhas em busca de um tato mais sensato.
O que é real, é aquilo que as pessoas apontam. Com seus dedos tortos e sujos.
Aquilo que nós nem vemos no espelho de manhã.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Fotopoema 4 - Céu e Terra

Céu e terra.
Por mais que tentemos transpor essa barreira infinita
com as mais inimagináveis artemanhas terrestres.
O prazer de sentir o poder de nos desprendermos do chão,
rumo ao céu desconhecido e transformador, sempre terá
fim no mesmo chão em que nós somos obrigados a nos
sentir, dia após dia, cada vez mais humanos e pequenos.
E o que faz disso tudo uma obra prima, de qualquer
que seja a divindade autora, é a beleza de se viver fixo
ao chão e sobre ele voar cada vez mais alto.
Conhecer tudo que inunda o céu de brilho do ponto de vista
do chão que ele ilumina.

Poema: Diogo Gomes
Fotos: Ana Cláudia Covo
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O Brasil vai mesmo mudar no dia 3?
Que custa tanto a se acabar
Por isso às vezes ela pára
E senta um pouco pra chorar"
É assim que grande parte dos brasileiro vive a clamar seus temores. Há muitos e muitos anos. Uns clamando por terra, outros por comida, trabalho, segurança, saúde, educação, outros tantos apenar por um pouco de paz e dignidade.
A minha pergunta sempre foi: por que?
terça-feira, 14 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
O amor de Chico - no eu lírico FEMININO
Chico Buarque
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"
O rei dos amores, o mestre das mulheres. Ninguém melhor do que Chico poderia descrever o fascínio de uma mulher pelo seu grande amor. Essa bela canção descreve como poucas, do ponto de vista do eu-lírico feminino, o amor de duas mulheres que competem entre si pelo amor de um mesmo homem. Sabendo ou não que se trata do mesmo indivíduo. Este é um trecho fabuloso, contracenado entre as atrizes Elba Ramálho e Marieta Severo, na peça "Ópera do Malandro" - também escrito por Chico Buarque.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Mês das flores secas
Como cantaremos a boa nova depois de outubro Brasil? Será que seria com a ilusão do Bolsa Família?
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Mais uma do Melodia
Luiz Melodia
Composição: Luiz Melodia
"Devo de ir, fadas
Inseto voa em cego sem direção
Eu bem te vi, nada
Ou fada borboleta, ou fada canção
As ilusões fartas
Da fada com varinha virei condão
Rabo de pipa, olho de vidro
Pra suportar uma costela de Adão
Um toque de sonhar sozinho
Te leva a qualquer direção
De flauta, remo ou moinho
De passo a passo passo..."
A poesia na sua mais singela manifestação! Isso é Luiz Melodia!
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Fotopoema - Viva, Viva, Viva a Sociedade Alternativa!
Foto por: Ana Covo.
"Enquanto você se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual
Eu do meu lado aprendendo a ser louco
Um maluco total
Na loucura real..."
Esse era o lema do Maluco Beleza que foi pra Marte ensinar música aos ET's. Um homem que foi iluminado por uma expressividade artística uníssona - antológica. Sujeito com o qual nunca me dei por conta. Mas um artística que sou obrigado, mesmo com os meus 'conceitos preconceituosos' (rs), a admirar e o preservar vivo na memória e na vida das pessoas.
Ops, e esqueci aqui de citar a bela performance do grande, e talvez o maior, cover de Raul Seixas do Brasil: "Raulzito"!
domingo, 22 de agosto de 2010
Toca Raul!
Rodrigo Contessotto*
A voz de Raul Seixas se calou há 21 anos. No dia 21 de agosto de 1989, o trem do
Maluco Beleza partiu. Até hoje, a música de Raulzito influencia os apreciadores do rock
nacional.
Comecei a ouvir Raul tardiamente, aos 18 anos. Antes disso, conhecia só as principais,
aquelas que todo mundo conhece: Metamorfose Ambulante, Gita, Sociedade
Alternativa. Músicas sempre cantadas pelos membros da Associação Brasileira de
Tocadores Amadores de Violão.
Posso dizer, sem exagero, que a minha vida pode ser dividida em a.R – antes de Raul - e
d.R. – depois de Raul. O bom baiano do rock me fez pensar sobre coisas que, até então,
não me preocupavam.
Depois de ouvir atentamente a obra de Raul, através de uma discografia completa
em MP3 que um amigo me forneceu, questões como a vida e a morte, a religião,
a metafísica, a existência como um todo, passaram a ser vistas de uma maneira
bem diferente por mim. De fato, Raul representa uma ruptura nos meus conceitos.
Não vou me estender muito, afinal, o legado de Raul já é devidamente conhecido por
todos os seus fãs. Raul deve ser lembrado não só hoje, mas todos os dias. Sempre
devemos gritar em alto e bom som: TOCA RAUL!
* Rodrigo Contessotto, 24, é co-autor do blog Maringá, Maringá (www.odiario.com/
blogs/maringamaringa)
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Sempre o grande Saramago - gênio da reflexão sobre o homem
Agosto 17, 2010 por Fundação José Saramago
Há um problema ético grave que não parece estar a caminho de ser resolvido: Depois da segunda Guerra Mundial discutia-se na Europa sobre progresso tecnológico e progresso moral, se podiam avançar a par um do outro. Não foi assim, pelo contrário, o progresso tecnológico disparou a alturas inconcebíveis e o chamado progresso moral deixou de ser, pura e simplesmente, progresso e entrou em regressão.
11 de Outubro de 2008, Expresso (Portugal)
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Do blog , que compila textos jornalísticos do grande mestre pelos jornais aos quais ele contribuía com seus ensaios, crônicas e reflexões.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Um pouco do poeta que nasceu em meio aos engenhos
Trecho da contra-capa da minha mais recente aquisição: "Morte e vida Severina".
"Morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualqueridade,
e até gente não nascida)."
Grande, João Cabral de Melo Neto.
Paulinho Moska denovo no BOTECO
Em homenagem ao meu amigo Nelson Cancini, que hoje mais do que ninguém, vive "tudo novo denovo"!
"Tudo Novo de Novo
Paulinho Moska
Composição: Moska
Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim
Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim
É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos
Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou
E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou
Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos"
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Fotopoema - A morte na vida
Difícil ser funcionário
João Cabral de Melo Neto
Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.
Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.
É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.
Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.
Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.
E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.
Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança
Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar...
Fazer seu nojo meu...
Carlos, dessa náusea
Como colher a flor?
Eu te telefono, Carlos,
Pedindo conselho.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Aos frequentadores, NOVOS e de SEMPRE, do nosso BOTECO!
Eu dedico um pouco do tempo que sobra pra citar textos, vídeos, músicas, e tudo mais que tem algo em comum com todo esse universo da arte das palavras e dos sons! E posso dizer mais: dedico esse tempo muito mais a vocês, que podem de algum modo absorver algo com estes textos aqui apresentados. Essa sensação é inexplicável.
Promessa: próximo post sobre Lenine!
terça-feira, 3 de agosto de 2010
João Cabral de Melo Neto
Parte 2
Para mim ouvir esses grandes nomes da nossa literatura falando sobre literatura é emocionante.
Lição de vida!
A vida é tão desconhecida e mágica.
Dorme as vezes ao teu lado, calada!
Calada.
Pra que buscar o paraíso,
se até um poeta fecha o livro.
Sente o perfume de uma flor no lixo
e fuxica. Fuxica.
Tantas histórias de um grande amor perdido,
terras perdidas, precipícios.
Faz sacrifícios e mola mil virgens,
Uma por uma milhares de dias.
Ao mesmo Deus que ensina a prazo,
Ao mais esperto e ao mais otário.
Que o amor na prática é sempre ao contrário.
O amor na prática é sempre ao contrário!"
Sempre Cazuza!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Chico fala de Bethania
Para quem está de saco cheio de meus textos sobre música brasileira. Segue aí uma dica de leitura, na voz do Maior da nossa música sobre uma das nossas maiores intérpretes!
terça-feira, 20 de julho de 2010
Djavan interpretando "Coração Leviano" de Paulinho da Viola
A interpretação desse mestre já é maravilhosa. Tão mais interessante ainda com essa banda genial com Carlos Bala, João Castilho, Paulo Calazans,Françóis Lima, dentre muitos outros grandes nomes da música brasileira de primeira. É simplesmente impressionante ouvir esses homens tocando.
Saboreiem sem moderação nenhuma, e comentem!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Sobre a convergência artística
Enfim, estive lendo uma reportagem sobre os trabalhos de Arnaldo Baptista como pintor, Brandon Broyd também nas artes plásticas, dentre muitos outros nomes que podemos citar neste tipo de atividade.
A arte não conhece barreiras estilísticas, tão pouco de plataformas. E é possível convergir todos os continentes das belas artes em um só. Afinal, a linguagem artística é uma só, seja na música, seja na poesia, seja no cinema, nas artes plásticas, na arquitetura, etc.
Gostaria de justificar com esse pequeno insert de hoje, a importância de experiências como a coluna "Fotopoema" que manteremos ativa nos próximos posts. :)
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A propósito, eu gostaria de deixar um abraço ao autor do blog citado na coluna sobre Brandon Broyd (vocalista da banda americana: Incubus): Dango Costa. Recomendadíssimo seu blog sobre ilustração e design gráfico.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Fotopoema - As coisas são só coisas

Foto: Ana Covo
"De uns tempos pra cá
Os móveis, a geladeira
O fogão a enceradeira
A pia, o rodo a pá
Coisas que eu quis comprar
Deu vontade de vender
E ficar só com você
Isso de uns tempos pra cá...
Coisas são só coisas
Servem só pra tropeçar
Tem seu brilho no começo
Mas se eu viro pelo avesso
São fardo pra carregar"
Chico César - "De uns tempos pra cá", 2005
Para as pessoas mais sensíveis e geniais, as coisas são só coisas. A paixão por elas é que são sobrenaturais, vitais. As coisas menos importantes para muitas pessoas, se tornam grandes amores diante das pessoas mais sensível, que vêem, naquilo que é matéria nula para muitos, a verdadeira beleza da vida e do tato com o mundo humano.
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Bela foto Ana! Selaremos aqui neste post nossa parceria, que tal chamarmos de: fotopoema!?
sexta-feira, 9 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Cazuza
Cazuza foi um autêntico gênio. Escreveu músicas que assustaram muitos parceiros e admiradores, com sua consistência, peso crítico e personalidade.
É, de fato, uma grande perda para nós do rock no Brasil. Perdermos grandes nomes como Cássia Eller, Renato Russo, e tantos outros que se foram. Mas para mim, Cazuza foi a maior perda do rock no Brasil dos últimos anos. Sem dúvidas.
"Pra que chorar
A vida é tão desconhecida e mágica
Dorme as vezes ao teu lado
Calada. Calada.
Pra que buscar o paraíso
Se até um poeta fecha o livro
Sente o perfume de uma flor no lixo
E fuxica, fuxica.
Tantas histórias de um grande amor perdido
Terras perdidas, precipícios
Faz sacrifícios, e mola mil virgens
Uma por uma milhares de dias
Ao mesmo Deus que ensina a prazo
Ao mais esperto ao mais otário
Que o amor, na prática
É sempre ao contrário
O amor, na prática
É sempre ao contrário"
O poeta do exagero. Da compulsividade. Da dor e do medo. Da verdade, e da mentira. Da força e da fraqueza humana. Completo e imaturo ao mesmo tempo, esse pra mim foi Cazuza. Um homem querido por muitos e compreendido por poucos, que morreu jovem, sofrendo, não só pela doença mas pelas críticas mal formuladas dirigidas a ele.
Salve Cazuza, viva Cazuza!
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Chico
Chico Buarque, via @chicolatras no Twitter!
Lindo!
segunda-feira, 5 de julho de 2010
O pensamento de Paulinho Moska
Paulinho Moska
Meu pensamento não quer pensar
Ele está com preguiça de se levantar
Depois de um sono tão profundo
É duro acordar, e ver que o mundo
É tudo novidade mas eu já conheço
Então volto a dormir que é pra ver se me esqueço
Que meu pensamento não quer pensar
E para aprender ele vai ter que apanhar
Pois só assim o ser humano evolui
Só assim serei feliz e nunca fui
Tudo é tão velho e eu nem nasci
O tempo nunca passou e eu não percebi
Que meu pensamento não quer pensar
Enquanto eu não fizer seu coração vomitar
Toda a consciência que não te deixa em paz
Com as mesmas razões de séculos atrás
Pelas mesmas paixões por coisas absolutamente banais."
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A vida real é ao mesmo tempo tão próxima e tão distante daquilo que se chama de realidade. Afinal a realidade, as verdades absolutas (os paradigmas da moral e da razão), é algo tão efêmero e fugaz que muitas vezes mesmo as pessoas mais sóbrias e lúcidas sentem essa mística sensação da distância entre o mundo real e nosso sentimento existencialista mais particular.
Viver a vida, afinal, é uma forma de descobrir a cada dia um pouco mais sobre a verdadeira realidade. Aprender um pouco mais, sobre o que devemos ou não fazer. Minha dica: acredite e faça tudo no bem e no amor. O resto vem com o tempo!
sábado, 26 de junho de 2010
Dia de sol
Em breve mais posts sobre música! Bjo a todos que comentam e lêem o Boteco da Bossa! Bom fim de semana!
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Dia de sol
O sol ofusca meu olhar sombrio e cansado das dores da madrugada.
A luz penetra minha alma espessa e que se enche inteira, como uma fissura escancarada.
Me vejo secar com o vento seco da manhã que desconheço sóbrio suburbano, moribundo.
E desço dos céus, do infinito paraíso transcendendo ao imortal universo do vagabundo.
E assim vejo o dia começar, frio e luminoso. Bom dia!
Diogo Gomes
26 de Junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Sim ou não
Algumas pessoas não sabem dizer sim.
Outras nunca disseram não.
Qual dessas partes errou?
Diogo Gomes
21 de Junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
"Não tenhamos pressa, porém não percamos tempo"
Um mestre da literatura. Primeiro escritor de língua portuguesa a ganhar um Nobel de Literatura. Um gênio incontestável! Polêmico, mas incontestável. Tenho lido muito Saramago ultimamente, coincidentimente havia comprado o livro "As Intermitências da Morte", um romance filosófico sobre o existencialismo humano que é impressionante, mesmo sem lê-lo (me encontrando por enquanto só nas folheadas, porque estou lendo o Caim, última obra dele), pelo que já saboreei percebi o quão rico é o ensaio. Saramago escreveu sobre temas polêmicos, dentre os quais o principal foi a fé e a Igreja. Que o perseguiu durante anos, proibindo a publicação de seus livros em vários países latinoibéricos e também latinoamericanos. Uma de suas obras mais polêmicas é o "Evangélio Segundo Jesus Cristo".
Enfim, vou citar pra não deixar morrer aqui também sua poesia:
"Não tenhamos pressa, porém não percamos tempo".
"Homens! Perdoem-o porque ele não sabe o que fez".
Ambas citações constituem-se no livro: "Evangélio Segundo Jesus Cristo"
Salve Saramago!
sábado, 12 de junho de 2010
O grande Luiz Melodia
Esse eh o sensacional Luiz Melodia, grande homem, grande compositor. Incomparável!
terça-feira, 8 de junho de 2010
No passo do Samba
Um sambista samba seu passo pelas ruas de niterói,
e lá vai ele sambando e cantando suas cantigas de herói.
Dizendo da vida o que sabe jurando amor a cada irmão,
Fazendo um pouco de sua parte na sociedade quando cidadão.
Soa o pandeiro do peito eloqüente sempre falhando na mesma batida,
Rima os passos com as pernas nas lajes coloridas da sua avenida,
E nunca desiste da vinda, nem da ida, na sua mandinga de São Jorge protetor.
Pois é ele, o poeta do morro, da vila do porto, do mar, do subúrbio, o nosso cantor.
Diogo Gomes
08/06/2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Hey Jude
Quando li a história de como Paul compôs esta canção, me emocionei!
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Paulinho Moska
terça-feira, 18 de maio de 2010
Depressão
A tentação
A maldição
Da vida
O furacão
O turbilhão
A ignição
Maldita
A afeição
Com seu irmão
A tentação
Cedida
Se for um não
Não há mais chão
Pra um coração
Benzida
Não há mais chão
Pra um pobre cão
Que busca o pão
Da vida
Só um tostão
Pra um canastrão
Que sede o chão
Rendida
Susto com o vão
Que se abre em vão
Pra sensação
Detida
Que vai então
Como um vulcão
Que em erupção
Me ressucita.
Diogo Gomes
18-05-2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
O inimitável Marcelo Camelo
Bom apetite a todos, e sintam-se abraçados por esta Santa Chuva, que cai sobre todo homem e mulher sensível o bastante para senti-la.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O tempo - por Drummond
Carlos Drummond de Andrade
Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"
Nós que vivemos nessa fúria incessante do cotidiano agitado, da vida moderna. Não nos damos conta do quanto somos produtos de um mundo materialista ao extremo, e acima de tudo efêmero em seu significado geral para as coisas do dia a dia. Aquilo que realmente é real, não se vê, não se sente, não se colhe neste mundo bizarro dos homens 'modernos'.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Vamos acordar porque não é só ano de copa, mas também de eleições.
"Por esse pão pra comer
Por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer
E a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar
Por me deixar existir
Deus lhe pague"
E mesmo depois de tantos anos de sofrimento, tortura, assassinatos e injustiças parece que nossa lembrança continua muito fraca. Como podemos engolir tanta parcialidade de nossos políticos. Tanto descaso dos nossos empresários com o meio ambiente.
"Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro, com aparado de malandro oficial
Malandro, candidato a malandro federal
Malandro, com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal..."
Vamos acordar Brasil. Acordar para igualdade e para justiça, porque um país democrático pode até basear-se nos alicerces do capitalismo, mas jamais da desigualdade.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Paulo Leminsk aqui no Boteco denovo!
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra"
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Fernando Pessoa novamente aqui, por Paulo José também
Pitada de Ferreira Gullar
Sonho
Se tem gente que reclama do sono,
Para mim isto já não basta.
De umas noites pra cá
Venho reclamando mesmo é dos sonhos.
Que não me deixam dormir,
Me cansam e me invadem a alma.
Como é duro viver ligado ao universo metafísico
24 horas por dia.
Diogo Gomes (03-05-2010)
Foram duros estes tempos, e esse hino soou soberano
Se tu falas muitas palavras sutis
Se gostas de senhas sussurros ardís
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar
Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raios X
Se vives nas sombras freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermam
E se definitivamente a sociedade
só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo,
és um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus
Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar infrator
com seus braços de estivador
Se pensas que pensas estás redondamente enganado
E como já disse o Dr Eiras,
vem chegando aí, junto com o delegado
pra te levar...
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Maringá Maringá
Ao amigo @rubensloureiro que gosta tanto daqui! :) E ao pessoal do @mgamgablog
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Olha a folga desses "nêgos" maravilhosos
Wander Lee e Zeca Baleiro - maravilhosos em BH!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Um pouco da aquerela musical de Maceió
Esse gênio que eu sempre admirei, aliás talvez um dos primeiros grandes nomes da música brazuca que conheci. Sempre que toco Djavan sinto essa leveza nos braços e no peito, de sua música serena e ao mesmo tão intensa de emoções e beleza!
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O grande Ferreira Gullar
meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem
quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro
De Muitas Vozes (1999)
A valsa mais singela e mais genial da música brazuca
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque / Vinícius de Morais
Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz
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Toda a genialidade de um poeta abençoado pela sensibilidade da colorida pelas rimas e pela melhor e mais pura poesia, unido-se à sensibilidade musical de um gênio da simplicidade e da sedução das notas de uma bela canção. VALE A PENA OUVI-LA, MIL VEZES.
O mais genial ainda, é a escolha da valsa, que representa um encontro conjugal. De um casal distante, que se junto numa bela e mágica noite - como há muito não se ousava. Como se juntassem seus corpos para a dança de uma valsa. Essa é a grande metáfora dessa bela música de Chico e Vinícius.
Fica aqui mais um post, para a aqueles que admiraram a ausência de Chico aqui no Boteco. :)
Aguardo os comentários hein pessoal!
Nosso lado lusitano e sentimental mais puro
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."
O mais puro do sentimental português!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Visceral = Cazuza
Cazuza
Composição: Cazuza / Rogério Meanda
Você me pede
Pra ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero
Às vezes eu amo
E construo castelos
Às vezes eu amo tanto, que tiro férias
E embarco num tour pro inferno
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média
Olha pra mim, me dê a mão
Depois um beijo
Em homenagem a toda
Distância e desejo
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras
Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre,
Vai me desmentindo
Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova Idade Média
Na mídia da novidade média
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Cazuza, o que dizer de Cazuza. Para aqueles que me ouvem falar de chico, muitas vezes até estranhando meu paladar para outros compositores e outros poetas, que não são do samba nem da música tradicionalíssima brazuca. Hoje vou falar desse mestre da realidade nua e crua das ruas e da juventude dos anos 80 e 90 no Brasil. Um menino, que morreu menino/homem sem saber ser nem um nem outro.
Essa música, é tão despercebida por muitos. Vista como tão singela pra tantos outros, tão arcaica. E é justamente nessas coisas que passavam POR AI, que Cazuza se mostrava o gênio que era. Citando Dom Quixote, Fernando Pessoa, dentre outros, numa música tão vã como esta. Um rock 'descerebrado' como este. Escraxado, como ele mesmo se propunha ao mundo. Cada poesia de Cazuza era uma autópsia dele mesmo, pra si mesmo e pro mundo. Eu sinceramente, mesmo com Chico Buarque ainda vivo, não vi nada parecido na poesia brazuca. Nunca senti ninguém tão nu e cru defronte ao mundo, talvez Jesus. Não que eu esteja aqui 'endeusando' um pecador como ele - mais do ninguém talvez, rsrsr. Porém de fato, Cazuza nos fez sentir que mesmo depois de tudo que se passou de 60 para 90 neste país em que vivemos, ainda reinava a era dos Exmos. Ratos de Brasília. Dos magnatas da mídia - grupo cujo seu próprio pai ajuda a compor-se. Juntos com alguns poucos legítimos de seu tempo, talvez como Renato Russo, Lobão, Cássia Eller, Humberto Gessinger, Herbert Vianna, Arnaldo Antunes, Chico Science, dentre alguns outros, que viam de fato o que somos e fazemos, vivemos. Cazuza era o poeta da lata de lixo.
Realista como ninguém, 'na moda da nova idade média' este homem expressou-se como ninguém em protesto à "mídia da novidade média'.
Sejam bem vindos ao post mais viceral deste meu blog, e não poderia ser com outro compositor que eu selaria esta mensagem. Viva Cazuza!!!
Homem (by Diogo Gomes)
temos que ser ELAS.
Pelo menos no espírito,
mesmo que de vez enquando.
Diogo Gomes 19-04-2010
domingo, 18 de abril de 2010
Continuando no ambito do conflito amoroso
Nostalgia com Paulinho Moska
Paulinho Moska
Composição: Paulinho Moska
Você não sofre porque não sente o que eu sinto
Há um iceberg em você que eu tenho que derreter
Que tipo de piscina terá embaixo desse trampolim?
Que pulo que eu vou ter que dar pra não me ferir?
Porque acordar sem você é ficar cego no amanhecer
É assistir o fim do mundo, depois escurecer
E eu no meio disso tudo sem saber
Que já estamos no início do que vamos ser
Hoje eu não acordei
Hoje eu não vou dormir
Hoje eu nunca te dei
Hoje eu quero partir
Esse é o Moska, esse compositor carioca com essa elegância inveterável ao falar de amor. Com essa suavidade, essa sutileza, enfim essa beleza poética. Moska é sem dúvida, um dos grandes nomes dessa nova (velha) geração da música brazuca que vem, cada vez mais, surpreendendo com suas produções. Apesar desta não ser uma canção recente dele, é uma das minhas preferidas. Acho lindo isso de descrever sobre essa distância eminênte em toda relação, sobre o sofrimento e as razões do outro em função das suas próprias mazelas!
Postem sobre essa música seus comentários, e pra quem quiser ouvir YOU TUBE na veia!
segunda-feira, 12 de abril de 2010
O bom e velho Paulinho Moska
Paulinho Moska
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Isso demonstra o tipo de relação que esse músico maravilhoso tem com os maiores nomes da música de hoje em dia no Brasil.
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Para se fazer uma canção (Moska)
Desfaço as malas do meu coração (Vander Lee)
Eu sobrevôo minha solidão (Pedro Luis)
E encontro o fim de um deserto (Celso Fonseca)
Para se fazer uma canção (Frejat)
Um som, um céu sem direção (Zé Renato)
Como eu não previ, como eu nunca sei (Leoni)
O amor que dei (André Abujamra)
Acho a luz no fim da escuridão (Jorge Vercilo)
E ascendo a imaginação (Joyce)
Olá, você ai (Gilberto Gil)
Que bom te ouvir (Toni Garrido)
E eu não preciso de mais nada (Mart´nália)
Por isso corro nas calçadas, corro nos seus pensamentos (Otto)
Alentos pra solidão (Zélia Duncan)
Passaporte pra dentro da alma (George Israel)
E você que vem com pressa, calma (Oswaldo Montenegro)
Dor adeus, Deus perdão (Zeca Baleiro)
Dois, amor, doeu? (Nando Reis)
Mas como é bom! Mas como é bom! (Jorge Mautner)
E quando é bom é tudo seu (Lenine)
E eu sou teu, você e eu (Sergio Dias)
Na imensidão a sós (Flavio Venturine)
Essa é minha voz (Isabella Taviani)
Que é a sua voz também (Vitor Ramil)
E a canção é de ninguém (Chico César)
quarta-feira, 7 de abril de 2010
O que dizer quando se diz?
Inspirado pela bela frase, que li no twitter de minha amiga @lumarks (Luana Marques), começo meu dia frio hoje aqui em Maringá ainda na busca de qual música cantar aqui no Boteco.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Cash in Flowers
Das rosas da visita de Caymmi à Tom
Hoje, na Cidade Canção
quarta-feira, 31 de março de 2010
Já de Paulo para Mário!
Os caminhos de Leminsk
segunda-feira, 29 de março de 2010
"Penso, logo existo!"
domingo, 21 de março de 2010
Chico César, respeitem seus cabelos brancos!
quinta-feira, 18 de março de 2010
Amor barato, porém honesto
"Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto
Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto
Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto
Vem cá, meu amor
Aguenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto..."
Amor Barato (Chico Buarque)
É pessoal, talvez essa letra maravilhosa, do nosso tão amado Chico Buarque, descreve melhor do que tudo o meu amor pela música, pela arte popular brazuca. Volto pro boteco cheio de vontade de escrever, desabafar, e falar sobre as 'novas' que venho ouvindo por aí a fora. Sobre as coisas que vêm acontecendo no universo musical do nosso saudoso país.
Peço a todos os amigos seguidores que mandem suas dicas e comentários, sempre bem vindos.